O
Streptococcus agalactiae é um Coco Gram-positivo (0.6 a 1,2 µm), disposto aos
pares ou em pequenas cadeias, que foi isolado pela primeira vez por Nocard em
1887, e durante décadas foi reconhecido como agente etiológico da mastite
bovina, porém, não como causador de infecções em humanos (SILVEIRA, 2006).
Possui
nove tipos sorológicos (Ia, Ia/c, Ib/c, II, IIc, III, IV, V, VIII) porém, o
tipo III é o mais frequente e isolado nas mulheres.
Fatores
de virulência:
·
Polissacarídeo capsular
·
β-Hemolisina: Citotóxica para células
(epiteliais e endoteliais inclusive dos pulmões).
·
C5a peptidase: Inativa o C5a (quimiotático*
para neutrófilos e fagócitos)
*Quimiotaxia: Locomoção orientada das células em direção a um gradiente de concentração de uma molécula quimiotática, ou no caso, em direção ao local de inflamação da resposta imune.
·
Neuraminidase, Hialuronidase, Protease, DNAase
Streptococcus
agalactiae pode colonizar o trato vaginal, urinário e gastrointestinal sem
causar sintomas. Sua maior relevância médica está principalmente, em casos de
gestantes colonizadas, que podem vir a contaminar seus filhos no momento do
parto e provocar quadros graves de meningite, pneumonia e sepse neonatal.
A
infecção neonatal apresenta-se sob duas formas: precoce e tardia. A forma
precoce é mais frequente (80%) e ocorre nos primeiros sete dias de vida, sendo
a transmissão por via ascendente antes do parto ou durante a passagem pelo
canal de parto. Esta forma evolui como bacteremia, sepse, pneumonia e
meningite. Os sintomas surgem na maioria das vezes logo após o nascimento,
causando um desconforto respiratório de 35% a 55% dos pacientes. A sepse está
presente em torno de 25% a 40% dos casos em evolução para choque séptico em
torno de 24 horas de vida. A meningite pode ocorrer de 5% a 15% dos
recém-nascidos e a evolução para óbito ocorre geralmente no segundo dia de
vida. A forma tardia afeta recém-nascidos de sete dias até doze semanas de
idade, sendo que a sua transmissão pode ser vertical, horizontal ou nosocomial.
A manifestação clínica mais comum é a meningite (30% a 40%), a bacteremia
(40%), a artrite séptica (5% a 10%) e raramente a onfalite e osteomielite
(COSTA, 2009).
O
diagnóstico é importante principalmente em gestantes de alto risco e pode ser
feito de várias formas:
·
Bacterioscopia: Gram Positivo, disposto em
pares ou cadeias
·
Ação do fator CAMP (formação de uma área de
maior intensidade de β-Hemólise no local das amostras).
·
Antibiograma com identificação de resistência a
Bacitracina.
O
tratamento é feito com uso de antibióticos (Penicilina, cefalosporinas, eritromicina)
e no caso de gestantes de alto risco (Rastreamento da colonização em mulheres
entre a 35ª e 37ª semana gestacional) é administrado cerca de 4 horas antes do
parto, doses de PenicilinaG ou cefazolina.
Em
2007 começaram a realizar esse diagnóstico de forma mais ampla, segundo nota no
jornal O Estado de São Paulo:
“O Hospital e Maternidade Estadual Interlagos é a primeira
maternidade pública a realizar exame para diagnóstico da bactéria Streptococcus
agalactiae em todas as pacientes que fazem o pré-natal na unidade. O
microorganismo pode causar infecção generalizada e meningite no bebê. A medida
previne a mortalidade infantil. Cerca de 20% das gestantes apresentam a
bactéria que, se não for tratada, pode passar da mãe para o filho no momento do
parto. Por mês, a unidade realiza cerca de 800 consultas de pré-natal e 450
partos”
Referências:
COSTA,
H. P. F.; BRITO, A. S. Prevenção da Doença Perinatal pelo Estreptococo do Grupo
B. Educação Médica Continuada, Sociedade de Pediatria, 2009.
SILVEIRA,
J. L. S. Prevalência do Streptococcus agalactiae em gestantes detectadas pela
técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Tese de Mestrado, Pontifícia
Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.
TAMINATO,
Mônica et al. Rastreamento de Streptococcus do grupo B em gestantes: revisão
sistemática e metanálise. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 19, n.
6, p. 1470-1478, Dec. 2011 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692011000600026&lng=en&nrm=iso>
VALDES
R, Enrique et al. PREVALENCIA DE COLONIZACIÓN POR STREPTOCOCCUS AGALACTIAE
(GRUPO B) DURANTE EL EMBARAZO PESQUISADO EN MEDIO DE CULTIVO SELECTIVO. Rev. chil. obstet. ginecol., Santiago
, v. 69, n. 2, 2004 . Disponível em
<http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0717-75262004000200008&lng=es&nrm=iso>