Muito
tem a se falar sobre o binômio desnutrição e mortalidade infantil. Pretendemos
abordar alguns aspectos dessa triste realidade nessa postagem. Esperamos que
gostem!!!
A
desnutrição pode ser de etiologia primária ou secundária. É um estado
patológico originado do aproveitamento insuficiente dos nutrientes pelo
organismo, levando ao comprometimento ponderal e/ou estatural. A desnutrição é
uma causa importante de morbidade e mortalidade. Muito se sugere a relação de
desnutrição e situação econômica. É um estado que vem acompanhado de diversas
manifestações clínicas potencialmente reversíveis. É originada da insuficiência
de nutrientes às células do organismo.
Quando
se inicia o processo de desnutrição, inicialmente é verificado o
comprometimento do peso para a estatura e do peso para a idade. Quando o
déficit nutricional é instalado por um período maior, no caso da criança,
ocorre limitação ao desenvolvimento global, sendo verificado comprometimento da
estatura para a idade, conhecido como desnutrição crônica. Esta reflete as
condições precárias de saúde e/ou insuficiente ingestão alimentar, instalados
em longo prazo.
A
desnutrição pode ser de etiologia primária ou secundária; a primeira ocorre por
oferta alimentar insuficiente, com comprometimento do aporte energético, de
macro e micronutrientes. A desnutrição de causa secundária pode ser causada ou
agravada pela existência de uma doença de base que pode ou não estar associada
com a ingestão alimentar. A doença existente pode comprometer a ingestão
alimentar de maneira qualitativa e quantitativa, além de poder interferir na
utilização normal dos nutrientes dos alimentos ingeridos.
A falta de energia e de nutrientes em longo prazo,
além de prejudicar o crescimento normal, como descrito, também resulta em
atraso do desenvolvimento global das crianças e em comprometimento do sistema
imunológico. A desnutrição ainda é uma das causas de morbidade e mortalidade de
crianças de todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que as
taxas de óbito por desnutrição grave devam ser inferiores a 5%, entretanto, no
Brasil, este valor está em torno de 20%.
Ao
compararmos as taxas de mortalidade infantil e de desnutrição, é notória sua
relação. No Brasil, as regiões com maior carência nutricional são as mais
afetadas pela morbimortalidade infantil. Isso se deve ao fato de que há
importantes diferenças entre as regiões do país.
A
Desnutrição é resultado de um complexo de fatores sociais econômicos,
patológicos e entre os principais, destacaremos os que seguem:
Dieta
– O desequilíbrio entre as proporções de proteínas e de carboidratos devido à
ingestão inadequada de alimentos.
Infecção
– Atuam principalmente como fatores desencadeantes.
Fatores
Psicológicos – Podem ser muitas vezes relevantes na Desnutrição. Por exemplo, a
privação materna, quando a mãe tem que se afastar ou mesmo se ausentar da
convivência com o filho, sendo traduzida pela criança, principalmente, por
anorexia.
Situação
Socioeconômica – Denominador comum de todas as doenças que prevalecem em países
de áreas pobres, tendo como principais agravantes o nível educacional da mãe, a
renda familiar insuficiente, habitações insalubres com precário saneamento.
Insuficiente
Produção de Alimentos – Baixa produtividade agrícola da terra, carência de
alimentos, alto custo dos alimentos.
Padrões
Culturais – A não utilização dos recursos naturais pode ser devido ao
conhecimento inadequado do que a criança pode e deve comer assim como de
atitudes, tabus, crenças e preconceitos em relação a determinados tipos de
alimentos.
Nutrição
Materna – Nas áreas subdesenvolvidas, pouca atenção é dada à dieta da gestante.
É sabido da grande necessidade nutritiva apresentada pelo feto, tornando de
suma importância a qualidade alimentar da gestante.
Desmame
precoce – É o período de desmame uma fase crítica na ecologia nutricional da
criança nos primeiros meses de vida, a introdução inadequada de prática
alimentar artificial representa um grave risco para Desnutrição. Muitas mães,
pertencentes a nível socioeconômico baixo efetuam o desmame de seus filhos
precocemente, alegando enfraquecimento ou falta de leite; porém, sem terem o
que ou como oferecer outro tipo de alimentação, empregam pouca quantidade de
leite pasteurizado no preparo da mamadeira ou ainda dispensam alimentos de
grande valor nutritivo, tais como ovo e feijão, por crendices e preconceitos.
Existem
vários tipos de Desnutrição que recebem sua denominação relacionada aos sinais
circunstanciais e a classificação por peso/idade e peso/altura. A
classificação mais usada talvez seja a de COSTE (1978: 87), baseada no déficit
de peso em relação ao padrão normal para idade.
Desnutrição
de 1º grau – déficit de peso superior a 10%
Desnutrição
de 2º grau – déficit de peso superior a 25%
Desnutrição
de 3º grau – déficit de peso superior a 40%
As
formas graves de desnutrição são classificadas de acordo com o quadro clínico
em: Marasmo e Kwashiorkor. O Marasmo, ou desnutrição seca, é uma forma crônica
de desnutrição, na qual a deficiência primariamente de energia, em estágios
avançados, é caracterizada por perda muscular e ausência de gordura subcutânea.
Apresenta-se quase sempre no lactente ou na criança de tenra idade sendo
incomparavelmente, a forma de maior frequência nos dois primeiros anos de vida.
A desnutrição grave de Kwashiorkor, também conhecida como molhada, é uma
forma de desnutrição associada com extrema deficiência proteica da dieta e
caracterizada por hipoalbuminemia, edema e fígado gorduroso aumentado; a
gordura subcutânea é normalmente preservada e a perda muscular pode ser
mascarada por edema.
No
Kwashiorkor-marasmático, existe uma combinação de sinais e sintomas, dos dois
tipos de desnutrição, sendo comum a transição de um quadro clínico para outro.
Tende a ser limitado a algumas partes do mundo onde as comidas utilizadas para
desmamar os bebês – como inhame, mandioca, arroz, batata-doce e bananas verdes
– são deficientes em proteínas. O exame laboratorial auxilia no diagnóstico diferencial
e é indispensável na pesquisa da desnutrição colaborando para ampliar os
conhecimentos sobre a doença. No Kwashiorkor a albumina se encontra bastante
diminuída. As globulinas geralmente estão normais com discretas variações e o
colesterol está diminuído.
Deve
permitir ao organismo reparar os danos já causados durante os diversos estágios
patogênicos, bem como deve ser devidamente prolongado para que possa permitir a
recuperação, que não se deve esperar que aconteça a curto prazo, quando
tratar-se de um organismo cronicamente desnutrido, especialmente por se
encontrar em período de crescimento e desenvolvimento. Para o tratamento
da desnutrição os pontos básicos são:
Eliminar
os fatores etiológicos que originam a desnutrição;
Permitir
que o organismo repare os danos já causados durante as diversas etapas
patogênicas;
Ser
devidamente prolongado para se conseguir a recuperação, à qual não é de se
esperar em curto prazo para um organismo cronicamente desnutrido,
principalmente em se tratando em organismo em fase de crescimento e
desenvolvimento.
Assim,
podemos verificar as diversas complicações que as crianças desnutridas estão
expostas e perceber a importância fundamental do tratamento da desnutrição para
diminuição da mortalidade infantil.
Referências:
CARDOSO,
A. L.; CARAZZA, F. R. Desnutrição Primária. Pediatria Moderna, Rio de Janeiro,
v. 29, n.1, 1993.
RENE,1998.
FROTA, M. A. Desnutrição como fator que interfere no desenvolvimento organizacional
da cultura familiar. 1997. Monografia (Especialização) - Universidade Federal
do Ceará, Fortaleza, 1997.
FROTA,
M. A.; BARROSO, M. G. T. Desnutrição Infantil na Família: causa obscura.
Sobral: UVA, 2003.
GARCIA,
T. R. Maternidade na adolescência: escolha ou fatalidade? Rev. Bras. Enferm.,
Brasília: v.9, n.1, p.44-53, jan./mar. 1992.
GOLDENBERG,
P.; VALENTE, P. Repensando a desnutrição como questão social. 2 ed. São Paulo:
Cortez/ Universidade Estadual de Campinas, 1989.
HELMAN,
C. G. Cultura, saúde e doença. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
LEININGER,
M. M. Trascultural nursing: concepts, theories, and practices. USA.: John Wiley
and Sons,1978.
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M. M. Ethical and moral dimensions of care Detroit: Wayne State University
Press, 1990.
LEININGER,
M. M. Cultura care diversity and universality: A theory of nursing. New York:
National League for Nursing press., 1991.
Grupo D
ResponderExcluirÉ de extrema importância esse post, eu particularmente gostei muito. Com toda as dificuldade Segundo informações da Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi), No período entre 1989 e 2006, a proporção de crianças menores de cinco anos com baixo peso para idade caiu, em nível nacional, de 7,1% para 1,8% e a de crianças com baixa altura, de 19,6% para 6,8%. No Piauí, os dados em 2008 eram os seguintes: crianças com peso baixo para a idade eram 6,6%. Em 2010, 6,3%. Mesmo que pouco, mas já é um avanço significativo, temos que continuar batendo nessa tecla até deixar o mínimo possível de crianças desnutridas, uma vez que o post enfatiza que “a desnutrição infantil atrapalha todo o desenvolvimento da criança”. Então galera vamos abraçar essa causa.
GRUPO B
ResponderExcluirBoa noite!
A desnutrição é um problema de saúde mundial. A ONU estipulou alguns objetivos do milênio e entre eles estão a erradicação da fome e a redução da mortalidade infantil, ambos abordados de maneira integrada na postagem. A relação do desenvolvimento físico e mental do individuo e a taxa de mortalidade infantil está relacionado a nutrição adequada haja visto a necessidade integral no consumo de fonte de energia(carboidratos), precursores hormonais(lipídeos) e matéria prima na construção muscular(proteínas) além dos minerais e vitaminas, logo os recentes dados a respeito da diminuição da fome no Brasil são visíveis, porém ,ainda, tímidos. Somos responsáveis por mudar essa realidade. Até!
REFERENCIAS
http://oglobo.globo.com/economia/brasil-atingiu-sete-dos-oito-desafios-do-milenio-nos-ultimos-15-anos-15356707
Olá, minha gente! Esse tema tem grande relevancia, e é uma pena que ainda existam desigualdades sociais no mundo que tenham consequencias tão horríveis... sobre os tipos de desnutrição, fui pesquisar sobre o Kwashiorkor. Nele, também conhecido como desnutrição edematosa, a perda de peso é geralmente menos severa do que no marasmo, embora seja muito variável (muitas crianças têm baixo peso enquanto outras têm peso normal para a idade, mesmo após a perda do edema). O kwashiorkor está associado a uma série de anormalidades bioquímicas que podem ser observadas muito antes do aparecimento do edema, tais como:
ResponderExcluirO fígado gorduroso. O fígado é particularmente afetado e, em conseqüência, ocorre uma perda dos mecanismos que mantêm o equilíbrio desse órgão, acumulando gordura.
Estas crianças não mobilizam os estoques de proteína da sua musculatura para manter a função dos órgãos essenciais, por isso existe preservação da massa muscular.
Nelas, níveis mais baixos de cortisol são observados e, numa fase pré-edema, níveis mais elevados de insulina foram detectados.
As mudanças metabólicas mais importantes são uma redução na concentração de proteínas plasmáticas, produzidas pelo fígado - entre elas, a albumina - levando a um padrão alterado de aminoácidos no sangue, com redução do nível de aminoácidos essenciais, mas com valores normais ou até elevados de aminoácidos não-essenciais. Esse mecanismo parece ser a causa principal do edema.
Grupo J - http://www.cren.org.br/desnutricao/3_2/principal_alteracoes.htm
Grupo L:
ResponderExcluirÓtima postagem :)
Bem, como falado, um dos sinais da desnutrição por carência de proteínas é o edema. Há algumas teorias sobre a causa fisiológica do edema. Uma delas diz que ele está relacionado com a hipoalbuminemia (provocada pela carência proteica), que diminuiria a pressão oncótica do sangue e causaria o extravasamento de líquidos. Além disso, teria relação também com falha no transporte de gordura para fora do
fígado causada por uma redução na síntese de apolipoproteína. Outros sintomas são Redução/perda de massa muscular esquelética e lisa, hipoglicemia e Distúrbios eletrolíticos, entre outros.
Até a próxima :)
Fonte: MONTE, Cristina MG. Desnutrição: um desafio secular à nutrição infantil. J Pediatr, v. 76, n. Supl 3, p. 285-97, 2000.
Grupo H
ResponderExcluirA alta sensibilidade das crianças é algo incrível! Pequenas alterações na dieta já são suficientes para desencadear uma série de problemas. Com a desnutrição infantil, mesmo em níveis menos complexos, podemos ter severas deficiências de vitaminas, que por si só ja levariam a quadros patologicos preocupantes, e que associados a baixa imunidade e outros fatores relacionados à desnutrição, tornam o quadro ainda pior. Um exemplo é a deficiencia de vitamina A. Em crianças em idade pré-escolar, este distúrbio nutricional pode causar aumento do risco de mortalidade, morbidade e cegueira. A DVA atinge cerca de 2,8 milhões de crianças em idade pré-escolar no mundo, e estima-se que de 250 a 500 mil crianças tornem-se cegas todos os anos, sendo que cerca da metade morrem antes de completar um ano de vida.
Com isso vemos que a desnutrição é um assunto extremamente amplo, e que necessita de muito mais trabalho e estudo para ser solucionado.